Hemofilia afeta um em cada 10 mil recém-nascidos

É conhecida popularmente como a doença da realeza ou doença de sangue azul. Isto porque alegadamente terá sido a união da rainha Vitória de Inglaterra com o príncipe Albert a marcar o início da hemofilia.

Segundo os populares, terá havido uma mutação genética espontânea quando os dois casaram, pois eram primos. Até hoje, não se sabe ao certo o que causa a hemofilia. Sabe-se apenas que a doença é “crónica, hereditária e surge espontaneamente”, explica ao Correio da Manhã Cristina Catarino, imuno-hemoterapeuta no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

De acordo com a especialista, a hemofilia caracteriza-se pela dificuldade em formar um coágulo sanguíneo. “Na prática, significa que em caso de hemorragia, as pessoas com dificuldade em fazer a coagulação do sangue vão sangrar muito mais e o sangramento pode até nem estancar”, especifica.

A hemofilia é um distúrbio raro, cuja incidência na população é, regra geral, de um em 10 mil habitantes, e afeta sobretudo o sexo masculino. A doença divide-se em dois tipos: A e B. O grau de gravidade está relacionado com o nível de deficiência do fator da coagulação em causa.

A doença é incurável mas tem tratamento, que consiste na administração de fatores de coagulação, presentes na corrente sanguínea. O diagnóstico é feito através de análises.

O MEU CASO

Nuno Lopes, 45 anos, é hemofílico tipo A. “Os meus pais descobriram logo em criança porque o meu irmão [mais velho] também tem a doença”, conta ao Correio da Manhã o técnico de plataformas multimédia. Apesar de saber que era portador da doença, Nuno recorda que nunca se privou de jogar à bola quando era criança.

As “consequências” acabaram por chegar mais tarde. Nuno Lopes ficou com mobilidade reduzida. “Tive hemorragias horríveis que me atacaram as articulações e ainda hoje sofro com esses danos”, relembra. Nuno Lopes faz atualmente o tratamento de profilaxia. “Já tive um período de 18 meses sem qualquer hemorragia. Foi uma vitória”, conta.

“Maior e melhor eficácia”
Cristina Catarino – Médica no Hospital de Santa Maria
CM – O tratamento da hemofilia é igual em todos os doentes?
Cristina Catarino – Não. Aliás, a personalização do tratamento garante não só uma maior e melhor eficácia do tratamento, como também uma gestão mais racional dos custos do mesmo, já que cada doente passa a receber apenas a quantidade necessária para o seu grau de doença.
– As hemorragias surgem repentinamente num hemofílico?
– Depende da gravidade do caso. Na hemofilia ligeira, os doentes sangram no seguimento de traumatismos e de manobras cirúrgicas. No caso de hemofilia moderada, tanto pode ser por trauma, como espontaneamente. Já no tipo grave, o sangramento é espontâneo.

 

Fonte: Correio da Manhã (24/02/2018)

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